As atividades que deram início à campanha pelo limite da propriedade da terra tiveram início na Universidade Federal de Goiás na semana anterior ao plebiscito com dois debates realizados nas faculdades de História e Direito. Na semana do plebiscito foram colocadas urnas nos dois campi durante os dois turnos (matutino e noturno) dos dias 01 e 02 de Setembro.
O resultado final no segundo dia de votação foi uma surpresa para todo o coletivo que mobilizou e organizou a votação, um grupo muito pequeno de estudantes integrantes dos cursos de História, Geografia, Ciências Sociais, Engenharia Florestal e Direito. E o que chamou nossa atenção não foram os números da votação, mas a abertura das pessoas ao diálogo sobre a questão agrária no Brasil e um relevante entendimento, por parte da maioria, da importância da reforma agrária. Embora tenhamos aderido e organizado a campanha poucos dias antes do plebiscito e com uma série de limitações e empecilhos (poucos militantes, pouca disponibilidade de tempo e de mobilidade, conflito com professores da ala direitista e conservadora das faculdades, data do plebiscito que pegou dois dias de final de semana e dois dias de feriado, processo eleitoral, dificuldade de interpretação das perguntas que ficaram confusas por parte dos eleitores e etc) saímos da campanha com um saldo muito positivo e uma vitória muito grande para o Movimento Estudantil combativo dessa universidade e para a luta pela reforma agrária nesse estado. Vitória que se expressa nos debates feitos em cada passagem em sala, no espaço obtido pela comissão para discutirmos um problema tão sério e que é tão ocultado pela mídia. Se em alguns casos fomos alvo das provocações dissimuladas de alguns professores e do ceticismo e descaso político de alguns estudantes, na maioria das turmas em que passamos houve uma discussão muito bem articulada e extremamente esclarecedora e positiva, recebemos o apoio dos estudantes que compareceram às urnas para votar, que aplaudiram e defenderam nossa causa. O que pudemos concluir nesse processo é que, se há uma alienação política que domina as mentes da maioria da sociedade, é nosso papel como militantes que lutam por uma sociedade justa e igualitária, levar a discussão compromissada aos espaços onde temos intervenção com o objetivo de contrapor e desmistificar os discursos que essas pessoas estão acostumadas a ouvir. Quando essa discussão é feita de maneira séria os resultados são visíveis rapidamente, falta-nos planejamento de nossas ações a curto e longo prazo e o compromisso militante.
A concentração da terra e da renda embora seja um conflito social escandaloso, evidente, é sempre mascarada através da manipulação descarada da mídia, a luta pela terra é criminalizada, os lutadores perseguidos, ameaçados e mortos. Milhares de assassinatos de trabalhadores rurais acontecem todos os anos e eles jamais são manchetes do Jornal Nacional ou da Folha de São Paulo. Por esse motivo, cabe aos lutadores e lutadoras desse país, estudantes e trabalhadores, denunciarem essa realidade tão desumanizadora e lutarem cotidianamente por uma outra estrutura de sociedade, no campo e na cidade! Temos que seguir nessa campanha com ações diretas e periódicas de discussão com a sociedade com debates, palestras, oficinas e outros espaços de integração através do fortalecimento do Fórum pela Reforma Agrária e Justiça no Campo.
Nara Letycia - Diretoria do C.A de História UFG/Campus Goiânia
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